O presidente da Comissão de Cooperativismo também falou sobre o PL 678/2025, iniciativa de Allan Ferreira (Pode) para atualizar a Política Estadual do Cooperativismo (Lei Estadual 8.257/2006).
Segundo explicou, a iniciativa vai “combater as falsas cooperativas, as cooperativas clandestinas que muitas vezes atrapalham o segmento”. Isso porque para terem acesso a benefícios de uma cooperativa essas entidades deverão ser registradas na OCB, organização que regulamenta e representa o segmento.
O presidente da Coopcam, Advaldo Antonio Zottele, endossou a proposta. “Como conselheiro de ética da OCB-ES, tenho convicção de que somos protegidos pela OCB. Uma cooperativa de transporte precisa estar filiada à OCB, temos regras lá, acompanhamento. Quem nos contrata tem tranquilidade”, disse.
Callegari também citou o Projeto de Lei Complementar (PLC) 24/2025, no qual o deputado estadual Adilson Espindula (PSD) propõe que o Conselho Estadual de Educação (CEE) tenha um representante das cooperativas educacionais. Ele lembrou que essa proposta originou-se de uma demanda apresentada na audiência pública de Santa Maria de Jetibá, realizada em setembro.
A pauta foi reforçada na audiência desta quarta pelo presidente do Conselho de Administração da Cooperativa Educacional de São Gabriel (Coopesg), Giovani Venturim. “Vim para reivindicar a cadeira no Conselho Estadual de Educação. Porque nós temos hoje um hiato, elas (as cooperativas educacionais) não são escolas privadas, não são escolas públicas. Muitas vezes não são vistas”, afirmou.
O Espírito Santo conta com sete cooperativas educacionais. A de São Gabriel foi fundada em 1993, são ao todo 272 pais cooperados. A entidade atende a 343 alunos da educação infantil ao ensino fundamental. Esse número deve ser ampliado para 450 em 2026, com a retomada da oferta de vagas para o ensino médio.
Na escola da Coopesg funciona a mais nova cooperativa da cidade, um projeto financiado pela OCB e pelo Sicoob. Criada em 2018, a Cooperativa Mirim União reúne 75 cooperados, que são alunos do 6º ao 9º ano. A presidente Juliana Pessin, 15 anos de idade e dois de cooperada, contou que na cozinha da escola os cooperados produzem chup-chup gourmet, que é “o objeto de aprendizagem”.
O produto é vendido na hora do recreio e os recursos são utilizados nas campanhas sociais, como a do agasalho e de Natal que a cooperativa mirim realiza para ajudar a comunidade.
Segundo Calegari, em acordo com as lideranças partidárias e com a presidência da Ales, as três iniciativas de lei devem ser votadas em regime de urgência. O evento também teve a participação dos deputados Raquel Lessa (PP) e Toninho da Emater (PSB). Além de Santa Maria e São Gabriel, Cachoeiro também sediou audiência do Circuito Coop. A próxima edição será em Vitória, no dia 26 de novembro.
Cooperativismo em São Gabriel
A reunião contou com a presença de gestores das sete cooperativas da cidade: uma agrícola (Cooabriel), três de crédito (Cresol, Sicoob e Sicredi), uma de transportes (Coopam) e uma educacional (Coopesg), além da Cooperativa Mirim União.
A história da cidade, que hoje tem 32,2 mil habitantes, conecta-se diretamente às atividades cooperativas. O município se emancipou de Colatina em fevereiro de 1963 e, em setembro do mesmo ano, um grupo formado por um padre e 37 produtores de café fundou a Cooperativa Agrária de Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), hoje a maior cooperativa do café conilon do país, com 9.500 associados. Por essa razão, a cidade também tem o título de Capital Estadual do Conilon.
A Cooabriel ocupa um lugar central no cooperativismo estadual e local. O diretor-presidente, Luiz Carlos Bastianello, ressaltou, na reunião, a recente divulgação do Anuário IEL 200 Maiores e Melhores Empresas do Espírito Santo que coloca a cooperativa de São Gabriel como a 15ª maior empresa do estado.
Do ponto de vista local, Bastianello destacou a “pujança” econômica proporcionada pelo cooperativismo ao município. A opinião é compartilhada pelo diretor de negócios da Cresol, Leandro Jess: “Quando temos cooperativas fortes, as cidades estão fortes. O fortalecimento do Espírito Santo deve muito ao sistema cooperativo do estado”, afirmou.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de São Gabriel da Palha (ES) é de 0,709, de acordo com o Censo de 2010. Na avaliação de indicadores como longevidade, educação e renda, o município ocupa a 26ª posição no Espírito Santo, que conta com 78 municípios.