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Zika: vacina brasileira é eficaz em camundongos e pode proteger contra complicações da doença

Publicado em: 11/07/2025

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Imunizante desenvolvido por pesquisadores da USP usa uma tecnologia conhecida como partículas semelhantes ao vírus. Ou seja, diferentemente dos imunizantes mais tradicionais, o material genético do vírus não é utilizado para a produção.

Uma nova vacina brasileira contra o zika vírus se mostrou segura e eficaz em testes com camundongos e pode ser uma aliada importante na prevenção da doença.

 
Os resultados do estudo com o imunizante desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da USP foram publicados na revista científica "NPJ Vaccines".
 
Além de demonstrar a eficácia da vacina nos animais, o imunizante também protegeu os roedores de danos cerebrais e testiculares associados à infecção pelo vírus.
 
"No estudo, conseguimos desenhar uma formulação capaz de neutralizar o patógeno e proteger os roedores tanto da inflamação no cérebro – uma das consequências mais preocupantes da infecção – quanto do dano testicular, algo que não foi observado em estudos epidemiológicos", detalha Gustavo Cabral de Miranda, pesquisador responsável pelo projeto, em entrevista à Agência Fapesp.
 
A pesquisa, que contou com financiamento da Fapesp, realizou testes em camundongos geneticamente modificados e mais suscetíveis ao vírus, induzindo a produção de anticorpos nos animais.
 
Também foram investigados os efeitos da infecção em diversos órgãos dos roedores, como cérebro, rins, fígados, ovários e testículos.
 
"Isso é importante diante dos riscos conhecidos da transmissão sexual do vírus zika e de seu potencial para causar lesões nos testículos, o que pode afetar negativamente a espermatogênese e a saúde reprodutiva como um todo", comenta o pesquisador.
 
Miranda ainda ressalta que o estudo focou muito no aperfeiçoamento tecnológico da formulação vacinal e que, apesar dos resultados promissores, ainda não há elementos o suficiente para seguir para estudos em humanos.
 
 
Tecnologia da vacina
 
A vacina desenvolvida pelos pesquisadores da USP usa uma tecnologia conhecida como partículas semelhantes ao vírus (VLP, na sigla em inglês). Ou seja, diferentemente dos imunizantes mais tradicionais, o material genético do vírus não é utilizado na produção.
 
Miranda explica que essa tecnologia costuma ser dividida em dois componentes principais:
 
Partícula carreadora (VLP) - tem a função de fazer o sistema imune reconhecer a presença de um vírus.
Antígeno viral - responsável por estimular o sistema imune a produzir anticorpos específicos que impeçam a entrada do vírus nas células.
 
Em termos práticos, a VLP imita a estrutura viral, permitindo que o sistema imune reconheça a ameaça e passe a produzir anticorpos, com o estímulo do antígeno.
 
De acordo com o pesquisador, o desenvolvimento de vacinas contra a zika é desafiador porque o vírus se parece com quatro sorotipos da dengue e cocircula no mesmo ambiente de transmissão. A semelhança faz com que os anticorpos possam confundir uma doença com a outra.
 
 
Zika vírus no Brasil
 
O zika vírus foi identificado no Brasil pela primeira vez em 2015. Pertencente à mesma família dos vírus da dengue e da febre amarela, o zika é endêmico de alguns países da África e do sudeste da Ásia.
 
Assim como os vírus da dengue e do chikungunya, a doença também é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
 
A prevenção, portanto, segue as mesmas regras aplicadas a essas doenças. Evitar a água parada, que os mosquitos usam para se reproduzir, é a principal medida.
 
Os principais sintomas são febre intermitente, erupções na pele, coceira e dor muscular. A evolução é benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente em um período de 3 até 7 dias.

Fonte: Noroeste News