Estudantes inserem o texto em uma plataforma educacional que corrige, pontua e aponta melhorias. Após este processo, os professores desenvolvem estratégias para melhorar a escrita dos alunos.
Aplicativos voltados para o aprimoramento da escrita e até mesmo o ChatGPT já são realidades também no processo de aprendizagem dos estudantes do 2º e do 3° ano do ensino médio da rede pública do Espírito Santo. O uso da inteligência artificial auxilia não só no ensino, como também ajuda os alunos na busca pela nota mil no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Cinco meses antes da avaliação, os estudantes passam a inserir ferramentas em suas produções textuais. Automaticamente, cada um recebe retorno com a análise feita pelo sistema inteligente. Ao final das redações propostas e realizadas, a plataforma indica a evolução do estudante , além de sugerir melhorias.
Um dos estudantes que utiliza a plataforma é o Matheus Nobre Cabral, de 17 anos, que estuda na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Major Alfredo Pedro Rabayolli, localizada em Mário Cypreste, na capital.
"A gente escreve e a inteligência artificial dá um padrão do que seria o ideal e o que tem no nosso texto, como palavras, conectivos e desvios. Além disso, cada tema da plataforma vem com um questionário que auxilia bastante na nossa argumentação e nos direciona no que escrever. Eu comecei tirando 800 pontos, depois 920, 960 e agora mil", explicou o estudante.
Em 2024, segundo o governo do estado, serão 28.619 estudantes da 3ª série, 33 mil estudantes da 2ª série e 40 mil estudantes da 1ª série do ensino médio utilizando essa ferramenta.
Mas quem pensa que o trabalho é toda da IA, está enganado. A plataforma possibilita que, após a inserção do texto dos alunos, o professor responsável faça o diagnóstico de quais são as dificuldades, as habilidades e os desafios que ainda não foram desenvolvidos pelo estudante.
“Os alunos vêm até nós com as dúvidas principais e nós auxiliamos, fazendo uma troca com os alunos, para que ele de fato consiga progredir e escrever um texto mais elaborado”, disse o professor de Língua Portuguesa, Caio Raphal Passamani.
A plataforma faz devolutivas imediatas sobre a escrita do aluno com comentários e nota geral e por competência, marcação de desvios de ortografia e gramática e zeramento automático em caso de plágio, texto insuficiente, fuga ao tema ou ao gênero.
ChatGPT do Enem
Outro exemplo de IA no auxílio do aprendizado é o projeto desenvolvido na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Hunney Everest Piovesan, em Cariacica, Grande Vitória. Com ela, os estudantes aprendem gênero textual discursivo, oral e curadoria, a partir da elaboração de roteiros para podcast por meio do ChatGPT.
Segundo o professor de Língua Portuguesa Weslley Mageski da Silva, responsável pelo projeto, foi perceptível o interesse dos estudantes pelo tema proposto. "Como resultado pedagógico, observamos a assimilação da aprendizagem, engajamento, socialização e trabalho colaborativo entre os alunos", detalhou.
Estado melhora desempenho geral
A melhora da nota de Matheus também reflete o bom desempenho dos demais colegas. Em quatro anos, o Espírito Santo saiu do 11° lugar na média da redação do Enem — entre alunos da rede pública — para as primeiras colocações em 2022 e 2023.
A elevação da nota no período contou com a ajuda de uma ferramenta baseada em inteligência artificial, que tem papel de corrigir de forma mais rápida os textos e ainda mostra os pontos para o aluno melhorar o desempenho.
De acordo com a Secretaria do Estado da Educação (Sedu), a Plataforma de Correção de Texto Letrus, utilizada pelo órgão, contribuiu, no Enem do ano passado, para um considerável número de redações com nota a partir de 800, chegando, ainda, à conquista da nota 1.000.
Em 2020, por exemplo, alunos da rede pública atingiram média de 540 pontos. Em 2022, ficou em primeiro lugar no país, com 569,5 pontos e, no ano passado, atingiu 604 pontos, empatado com Sergipe. A nota também ficou acima da média nacional, que foi de 572,01.
Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inpe), responsável pelo exame, e apontam o comportamento das médias das notas da redação de estudantes da rede pública dos Estados do país.
A gerente do Ensino Médio da secretaria de Educação do Espírito Santo, Endy Albuquerque, explicou que a plataforma foi implantada em 2019 e, até julho de 2023, 27 mil alunos e 488 professores foram beneficiados com a tecnologia em todo o estado.
"Essa tecnologia não traz algo diferente do que seria trabalhado, mas muda a forma do que seria discutido dentro de sala de aula", disse o secretário de Educação, Vitor de Angelo.
A gerente do Ensino Médio da secretaria de Educação do Espírito Santo, Endy Albuquerque, explicou que a plataforma foi implantada em 2019 e, até julho de 2023, 27 mil alunos e 488 professores foram beneficiados com a tecnologia em todo o estado.
"Essa tecnologia não traz algo diferente do que seria trabalhado, mas muda a forma do que seria discutido dentro de sala de aula", disse o secretário de Educação, Vitor de Angelo.